sexta-feira, 13 de maio de 2016

O GOSTO DE AVENTURA

    De volta aos meus arquivos, achei uma ilustração que fiz em 1984. Era uma época em que eu cultivava o guache e a aquarela. A cada dia, buscava aprender mais e mais sobre essas técnicas. Entretanto, foi mesmo no guache que mais me realizei tecnicamente. "Bebia" os trabalhos dos ilustradores que mais se destacavam com as técnicas a base de água, a ponto de esquecer todo o resto. Para mim, gênios eram os que sabiam brincar com o guache, pois exige uma destreza fenomenal. Tudo tem que ser solucionado alla prima. A "puxada" do pincel já resolve de forma direta todos os problemas de tons, cores, densidade da tinta, textura, etc... Sim, pois a secagem do guache é quase instantânea e requer verdadeiro skill na sua manipulação. Para esta ilustração, utilizei o ecoline, que é uma tinta da família da aquarela, apenas um pouco mais transparente e luminosa.
    Neste trabalho, tentei infundir, conforme a solicitação do diretor de arte da editora, um clima de incerteza reservado à figura que espera pelo trem na estação. E ao leitor o inadiável gosto de aventura...


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A IDEIA PLANTADA

Croquis, ébauche, bosquejo, doodle, sketch, rough, esboço e mais... É o início. A ideia plantada em um pedaço de papel. Até um guardanapo pode se tornar uma obra prima. Basta um lápis e acreditar que o desenho é a fonte da grande pintura. O esboço pode ser uma obra em si mesma; um estudo da forma sem que haja compromisso com nada, ou pode ser um projeto para uma obra mais séria. O fato é que sem ele não há evolução no processo artístico. O esboço não tem o selo da obra final, mas sai da veia, pula sem medo. Importa que exista, não como seja, pois está acima das regras - pode ser tudo ao mesmo tempo, ou não ser nada.
A câmera   muito pouco em comparação com o cérebro e o olho humano bem treinado. A câmera é um objeto perigoso, pois foi ela que vulgarizou o trabalho do ilustrador, legando aos detratores a acusação de banalidade estética, por permitir a reprodução exata da natureza e com as distorções da forma promovidas pela lente. Mas o erro é do ilustrador e não da câmera. Por isso confio na forma que vejo na minha mente, que é imperfeita, mas individual. Improvisar é um ato da imaginação e, indiscutivelmente, será sempre preferível ao caminho fácil e vicioso da cópia sem interpretação.
Estas garatujas que seguem foram produzidas na época de aprendizado básico, nos anos 70, 80 e 90.